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Apresentação do zine Lustrabotas, por Rogério Vieira



Em uma simples caminhada durante as férias em La Paz, Bolívia, me deparei com algumas pessoas que chamaram minha atenção.


Primeiro, fiquei sem entender quem eram elas, o que faziam nas ruas e por que eram abordadas pelos transeuntes. Passado algum tempo, cada vez mais curioso e intrigado, comecei a acompanhar seus movimentos. Acabei identificando que se tratavam de engraxates, lá chamados de lustrabotas. Estranhamente, essas pessoas cobriam o rosto com balaclavas.


Vítimas de preconceito em razão do trabalho que exercem, os lustrabotas são obrigados a cobrir seus rostos para que não sejam reconhecidos por vizinhos, amigos ou até mesmo familiares.


Neste projeto, cada personagem fotografado tem uma grande história. O David, por exemplo, é fã do futebol brasileiro e do ex-goleiro Rogério Ceni. Ele me contou que um dia sonhou em ser jogador de futebol, mas uma grave contusão interrompeu esse sonho. Já Gertrudes, uma jovem muito simpática, trabalha nas ruas para ajudar a família, ainda que seus familiares não façam ideia de onde vem o dinheiro que ajuda nas despesas.


Encontrei também um grande número de crianças trabalhando como lustrabotas. Após conversas rápidas, soube que muitas delas não têm família e nem mesmo um lar.


É impossível não notar que muitas pessoas usam o serviço prestado por esses engraxates e que a população trata esses trabalhadores com arrogância. Na posição em que estão, a sociedade os vê como escória.


O valor cobrado pelo serviço é, em média, dois bolivianos (moeda local), mas pode variar de acordo com o tipo de trabalho.


Rogério Vieira

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