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Apresentação do zine Baixo Augusta, por José Bassit



O impacto que experimentamos quando migramos de cidades de pequeno, médio ou mesmo grande porte para as megalópoles é, sem dúvida, causado pelos edifícios monumentais, pelo trânsito alucinado e pelo fluxo insano de pessoas. A estupefação se instala quando vislumbramos o fenômeno do cheio. Tudo está cheio, tudo transborda, há excessos em todos os lados. É um sentimento transformador que nos deixa, por um período considerável, num estado de agitação constante e com uma vontade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.


Mas nada se compara à alucinação causada pelo primeiro rolê noturno paulistano. Particularmente, pela primeira descida ao Baixo Augusta. Aí o excesso atinge outro grau. (Ou atingia, pelo menos, antes de certa gentrificação que vem ocorrendo nos últimos anos. Não há o que lamentar, cidades como São Paulo têm uma forma mutável, as intensidades se deslocam).


A rua te convida; os espaços se abrem, acolhedores, se a carteira ou a conta bancária não estiver seca; as substâncias circulam; e a lascívia intumesce as bocas e os baixos ventres.


Neste zine, José Bassit, fotógrafo com ampla produção jornalística e documental, que já teve trabalhos publicados nos principais jornais e revistas brasileiros e que, recentemente, enveredou pela fotografia de rua (incursão que resultou na obra Olho de Vidro, lançada pela editora Vento Leste, em 2021), traz um pouco da lubricidade da “zona vermelha” do Baixo Augusta.


Ainda que algumas imagens apresentem um ponto de vista de cima para baixo, não há julgamentos ou censuras. O artista buscou sempre estar no mesmo plano, se misturar e, por um breve momento, compartilhar das alegrias e dos terrores desse universo que fascina e repugna a chamada gente de bem.


TW Jonas

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